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Estrada Parque de Piraputanga e Morro do Paxixi

Lugares que temos que conhecer!

Mais uma vez seguimos para o Mato Grosso do Sul com a idéia de fazer algo diferente dos roteiros mais famosos como Bonito e Pantanal…..fomos em busca de um roteiro pouco conhecido. Mesmo dentre os sul-matogrossenses, a grande maioria “não viu, não conhece, só ouve falar” desse lugar, que é cercado de paisagens incríveis e muita natureza!

Esse roteiro é recomendado para motos on/off road, de qualquer cilindrada, apesar de, neste dia, termos até custom  junto conosco, e todos chegaram ao final e ficaram maravilhados!

A região

A Estrada Parque de Piraputanga é composta de uma fauna exuberante e formada por afluentes do Rio Aquidauana. Abrangendo os municípios de Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti, ao percorre-la, passará pelos distritos de Palmeiras, Piraputanga e Camisão.

Um local repleto de histórias e lendas que chama a atenção por sua beleza cênica, representada principalmente no Rio Aquidauana e pelos enormes paredões de arenito da Serra de Maracaju.

Voltando no tempo

A Guerra do Paraguai durou de 1864 a 1870 e, essa região conhecida na época como “os Morros”, (ainda não existia Aquidauana) se tornou refúgio importante para os moradores das Vilas de Miranda e Nioaque, os primeiros núcleos habitacionais do sul de Mato Grosso.

Em meio as fendas dos paredões de arenito, indígenas e não indígenas, além de um figurão do Império Brasileiro, Visconde de Taunay, viveram em harmonia enquanto aguardavam por nove meses a chegada de reforços.

Nesse período o ilustre habitante não deixou de registrar sua passagem pela região:

“Os Morros! Que época alegre e despreocupada da minha vida! Que período de existência original e divertido! Muitos meses lá passei naquele planalto umbroso da Serra de Maracaju, de março a julho, em situação só comparável com a dos primeiros exploradores de regiões desconhecidas no meio de populações selvagens, mas de trato simpático e meigo. (…) É que experimentei ali, na prática das ideias  e teses de Jean-Jacques Rousseau, a doçura da vida não civilizada e o contato do homem bom de índole, mas inculto e agreste. (…) Sentia-me deveras feliz no seio daquela esplêndida natureza, debaixo daquelas gigantescas árvores ou à beira de puríssimas águas correntes e na íntima convivência dos muitos índios terena, quiniquinaus, laianos e guanás que nos cercavam”

A Estrada Parque

Distante a menos de 100km da capital, essa estrada cruza e acompanha parte do curso do Rio Aquidauana, sendo considerada como uma das mais bonitas do estado. Além de ter uma fauna exuberante, nos chama a atenção pelas formações de arenito, que podem ser avistadas e admiradas na própria estrada que liga Campo Grande a Aquidauana.

Uma vez passado o portal da Estrada Parque, a impressão que se tem é de estar entrando em um mundo mágico, onde o ritmo da viagem diminui e os sentidos são aguçados, para não perder nada do que se encontra.

O Passeio

O ponto de início pode ser no Posto Várzea Grande, as margens da BR-262, a 90km de Campo Grande, onde pode-se tomar um café da manhã, abastecer e comprar alguns quitutes para comer e beber durante o roteiro. O calor normalmente exige bastante dos turistas nessa região.

Uma vez prontos, seguindo por quatro quilômetros no sentido de Aquidauana e, a direita, estará a entrada da Estrada Parque.

A estrada que até aqui seria com poucas curvas, muda totalmente! Cheia de curvas, subidas e descidas, já sinaliza que o relevo mudou e está entrando na Serra de Maracaju. Por dez quilômetros a estrada será assim, até chegar ao distrito de Palmeiras, um lugar bem tranquilo onde uma ponte faz a travessia do rio Aquidauana. O asfalto vai acabar em poucos quilômetros e a paisagem mudará bastante! Está começando o trecho contemplativo, aproveite que serão 27km até Camisão.

Seguindo pela estrada de terra, estará passando por uma região que, em 1987, foi feito um estudo arqueológico da região e que encontrou diversos sítios arqueológicos com pinturas rupestres, dando um significado real para se tornar um Patrimonio Cultural.

Em seguida, depois de pontes e  belas paisagens, chegará em Piraputanga, um dos pontos onde passava o famoso e esquecido “Trem do Pantanal”, onde sua estação pode ser visitada em estado de abandono. Outros atrativos existem na região como: sítio arqueológico, bóia cross, rapel de várias alturas e caminhadas. Se for o caso, se programe para mais alguns dias na região.

Siga em direção a Camisão, onde iniciaremos nossa subida de terra para o Morro do Paxixi. Em Camisão não existem placas indicativas do caminho, a referência é um bar a esquerda e um ponto de ônibus coberto a direita. Chegou a esse local peça informação e também aproveite pois, é a última opção de comprar algo para comer e beber, limitado a bolachas e bebidas industrializadas. Virou a direita na estrada de terra é só seguir direto morro acima.

Desse ponto em diante a estrada fica mais sujeita a ações do tempo como erosões, areia acumulada, pedras soltas…etc….exigindo maior cuidado para conduzir a motocicleta. Seguindo devagar não é difícil encontrar animais pelo caminho como serpentes, araras, tatus, cachorros, dentre outros…

A estrada é cheia de curvas e, a cada curva pode-se avistar uma formação diferente de arenito e muita vegetação. Devido a região ser bem irregular, um trecho foi concretado para possibilitar a subida de veículos sem tração 4×4. Nesse trecho a mata fecha toda a estrada, formando um túnel natural! Seguindo, cruzaremos um riacho que, após cruzar a estrada, devido ao desnível, se transforma em uma pequena cachoeira, perfeita para um banho.

O ganho de altitude é grande e a estrada exige cuidado e atenção até chegar ao seu topo, a base de uma antena de comunicação. A partir daí, inicia-se a descida para o objetivo final, e a estrada pode estar bem ruim, siga com cuidado. A vegetação mudou, lembra um pouco mais o cerrado e as erosões são bem mais frequentes,  a ponto de existir a opção de continuar a pé ou se aventurar em trilha mais técnicas que será o caminho de volta…na dúvida, caminhe!

Pouco tempo de caminhada passando por dentro da mata, encontrará uma visão incrível: A Planície Pantaneira  estará a seus pés! Você está no Morro do Paxixi!

Essa é uma vista incrível que não nos dá uma idéia do tamanho do Pantanal e sim, de quão pequenos somos! É hora de sentar, descansar e apreciar a vista de diferentes pontos de observação. Trouxe algo para comer e beber? Essa é a hora! Curta o silencio e tente imaginar como deveria ser isso a 100, 200 anos atras…seus habitantes, animais, enfim….uma senhora viagem.

O local não tem infra-estrutura nenhuma e, sua segurança é sua responsabilidade, não abuse!

Fotos tiradas, é hora de retornar!

Durante a descida, não esqueça da cachoeira, uma pausa para tomar um banho vale a pena!

Faça o mesmo caminho para voltar mas, ao chegar em Camisão, siga a direita para Aquidauana e Anastácio, é só asfalto e vale a pena comer um rodízio de peixe na cidade de Anastácio antes de retornar.

Como chegar:

A partir de São Paulo, o caminho mais “reto” seria via Castelo Branco até o final, em seguida seguir a esquerda Pela Rod. Eng. João Batista Cabral por um curto trecho, pois em seguida, entraremos na Rodovia Orlando Quagliato no sentido de Ourinhos. A partir de Ourinhos, a Rodovia passa a ser a já conhecida Raposo Tavares, passando por Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Presidente Epitácio, onde depois de 650km aproximadamente, termina e está a divisa de estado de SP com MS. A divisa é demarcada pelo Rio Paraná, uma bela vista que merecem fotos! A travessia de 2550mts da ponte Hélio Serejo, mais um aterro de aproximados 10km são os primeiro atrativos do roteiro que, até aqui, feitos em pista dupla e muitos pedágios (moto pagando inclusive).

Já no estado do MS, a estrada muda, se tornando pista simples, sem pedágios e em bom estado de conservação pelos próximos 371km finais que passa por Bataguassu, Nova Alvorada do Sul e chega até Campo Grande, a capital do estado, após mais de 1000km percorridos.

De Campo Grande, siga para Terenos e, depois de 94 km, estará na entrada da Estrada Parque de Piraputanga, a direita, onde começa nossa aventura. Serão aproximadamente 36km até a entrada a direita (10km de asfalto), no distrito de Camisão, para começar a subir para o Paxixi.

Dicas:

Esse roteiro pode ser feito junto com uma viagem a Bonito e Pantanal

Quem não quiser rodar os 1000km até Campo Grande de uma só vez, em Presidente Epitácio existem boas opções de hospedagem e um por do sol considerado pela cidade como o mais bonito do Brasil! Vale a pena assisti-lo da praia.

Campo Grande está bem estruturada e não faltam opções de hotéis e bons restaurantes.

Se possível vá com alguém que conheça a região, pois existem algumas “pegadinhas” no caminho.

Essa região é muito visitada pelos praticantes de Mountain Bike nos finais de semana, por isso, vá com cuidado

Se tiver mais tempo, explore Aquidauana, a história da cidade é muito interessante.

Onde Ficar:

Presidente Epitácio: Pousada Orla do Sol – Rua Cuiabá, 20-21 – (18)3281-3646 www.orladosolpousada.com.br

Campo Grande: Exceler Plaza Hotel – Av. Afonso Pena, 444 – (67) 3312-2800 – Já está na saída para Aquidauana

Anastácio:

Aquidauana: Hotel Beira Rio – Rua João Almeida Castro, 198 – (6703241-6064 – www.beirariopantanal.com.br

Hotel portal Pantaneiro – Rua Pandiá  Calógeras, 1067 – (67) 3241-3427 – www.portalpantaneiro.com.br

Onde comer:

Anastácio: Restaurante Amarelinho – Praça das Nações, s/n – (67)3245-3870

Aquidauana: Churrascaria Princesa do Sul – R. Manoel Antônio Paes de Barros, 943

(67)3241-3946

 

Motos:

Usamos as Yamaha XT 660 e Ténéré 660 nessa viagem! Perfeitas! Mesmo com os motores mono-cilindricos que não roda tão solto, a viagem foi incrível! Foi só uma questão de adaptação as velocidades de cruzeiro até chegar e Campo Grande e voltar pois, durante os trechos relatados nessa matéria, foi a pedida certa! Leves, fortes e confiáveis, essas motos deixaram os trechos mais difíceis, fáceis! Com um consumo bem parecido, parávamos a cada 2 horas de estrada para abastecer e esticar as pernas! Foram e voltaram sem nenhum problema, só elogios!

 

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Trinity Ronzella

14 anos fotografando e escrevendo para a Revista Moto Adventure Editor do Moto.com.br Freelancer na Revista Motociclismo Instrutor de Pilotagem Off Road

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9 Comments

  1. João Pinheiro
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    Bom dia Brother, moro em Campo Grande porém ainda não fui ao mirante, segundo sua experiência, acha que consigo chegar lá com minha HD sportster? Os maiores buracos são similares aos da foto? Parabéns pela matéria

    • Trinity
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      Opa!!Obrigado João!! Vamos lá sobre sua dúvida. Não sei sua experiência no off road, mas com cuidado você consegue chegar lá em cima sim. A última parte, com mais erosões é que vai complicar mas, c você deixar a moto perto da antena, no topo, o resto é uma caminhada curta e tranquila. Não aconselho ir sozinho, sua moto é mais longa e mais baixa, vá com calma que dá para chegar. Sua moto não é a ideal para esse roteiro, mas sou a favor de que, com cuidado, ela tem que levar vc até lá! Depois coloque umas fotos da aventura!! Detalhe: Vc vai sem garupa né? Abraço

  2. Cristiane
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    Muito top! Lugar de uma energia única.Vale a pena conhecer!

    • Trinity
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      Valeu Cristiane! Obrigado pelo comentário, realmente é incrível!!

    • Trinity
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      Legal Cristiane, obrigado pelo comentário! Pena que poucos conhecem!! Tento voltar todo ano! Obrigado!

  3. Juliano Oliveira Conceição
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    Sou de Campo Grande , já faz anos que ando abitolado de serviço, esse ano resolvi comprar uma MT-03 para dar alguns rolês, na sua turma, foi alguem com nacked de baixa cilindrada ? por sua experiencia, dá para fazer esse rolê ?

    • Trinity
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      Fala Juliano, blza? Cara, eu tenho um ponto de vista um pouco diferente da maioria. Mesmo vc com uma MT 03, que não é uma moto de off, tem condições de enfrentar uma estrada de terra tranquilamente.
      No caso do Paxixi, alguns cuidados devem ser tomados.
      Devido a ser terra, as condições dessas estradas podem mudar com chuvas, mas, nada impede que a pessoa que a estrada que for e analise se está dentro do suportado pela moto e pelo condutor. Se tiver calma, experiência e alguém para ir junto, poderá ser muito divertido.
      Mas não incentivo ir além dos limites. Com calma da para ir sim.
      Já encontrei motos que não eram on/off road por lá. Eu tentaria sim, devagar, na boa, sem garupa uma primeira vez e, se achar que é muito, faz meia volta e pronto.
      Espero ter ajudado!
      Abraço e, quando for, manda umas fotos!!

  4. Moacir
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    Sou parceiro para ir, tenho vontade de ir mais não tenho parceiros(as)

    • Trinity
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      Valeu Moacir, obrigado pelo comentário. Tem bastante gente de Campo Grande e região que vai para lá todo final de semana, sempre tem gente lá de bike, a pé e moto. Se não tiver companhia , certamente encontrar pessoas pelo caminho. Valeu!

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