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Sabia que o motor boxer da BMW começou por aqui?

Os irmãos William e Edward Douglas, fundaram em Kingswood, Bristol a Douglas Engineering Company em 1882. Primeiramente era uma oficina de ferreiro mas, logo em seguida, se tornaram uma fundição, produzindo peças de qualidade. Nesse período forneciam peças para Joseph Barter, da Light Motors. 

Em 1885 a empresa foi realmente fundada e, com a virada do século e o surgimento do veículo motorizado, começaram a desenvolver motores.

Em paralelo, Joseph Barter da Light Motors, projetou nos anos de 1902 e 1905 um modelo monocilíndrico para, em seguida,  entre 1905 e 1906, projetar motores boxer de 198 cc, 346 cc e 676 cc, conhecidos como The Fairy. 

A motocicleta Fairy surge nos anos de 1906 e 1907. Uma bi-cilíndrica de 2,5 cv com motor boxer instalado na parte superior do quadro original de bicicleta, transmissão por corrente para um contra eixo e embreagem, para depois, ter uma correia para roda traseira. Ele acabou se juntando a Douglas em 1907, mantendo o nome Douglas.

Em 1907, no Stanley Cycle Show, o primeiro modelo Douglas foi apresentado. Um motor bicilíndrico de 2.75 hp montado no alto do quadro, garfos reforçados e transmissão direta por correia. Além disso, um motor V4 compacto com um design avançado para época foi mostrado também.

Entre 1909 e 1912 algumas mudanças aconteceram com o novo design do quadro. Câmbio de duas velocidades e um modelo feminino foram produzidos. Não contente, a Douglas começa a fornecer motores bicilindricos de 8 hp para as máquinas da Williamson. E tem mais, a primeira vitória no TT Isle of Man veio na classe júnior.

O Stanley Cycle Show de 1910 foi um marco para a Douglas. O estande 89 foi o grande atrativo devido a reputação construída em várias competições do país. Um motor bicilíndrico, facilmente desmontável e construído como arte, formavam um conjunto muito bem acabado que pesava aproximadamente 100 libras (aproximadamente 45 kg). Era a promessa para 1911.

A Primeira Guerra Mundial estourou em 1914 e vários modelos Douglas estavam lá, cerca de 25.000 unidades foram colocadas em campo. Com o fim da Guerra, essas motos excedentes invadiram o mercado civil até por volta de 1920.

Curiosidade Real.

Em 1920 o modelo W20 tinha dois cilindros e 348 cc, embreagem, pedal de partida e três marchas. Fora isso, os acessórios eram outro atrativo: relógio no guidão, velocímetro, iluminação completa de acetileno, joelheiras de couro, protetor de cárter, suporte para velas reservas e estojo de couro redondo. Tudo isso chamou a atenção da realeza! O príncipe Albert em primeiro plano na foto e o príncipe Henry as usavam para chegar à Universidade de Cambridge. Isso apenas  devido a uma autorização real para a Douglas  fornecer motocicletas aos príncipes. O rei George V também adquiriu a sua neste período.

Douglas-1920-Cambridge – Foto: Divulgação

No ano seguinte o modelo de 3,5 cv foi abandonado e surgiram dois modelos com motores OHV (Over Head Valves).

Entre 1923 e 1925, os resultados no TT Isle of  Man apareceram em várias categorias e Cyril Pullin tornou- se  designer chefe da marca.

Foto: Divulgação

Buscando consumidores que precisam de desempenho e gastando menos, em 1926 foi lançado o EW, um modelo totalmente novo. Já no ano seguinte existiam cinco versões do EW e as Douglas tiveram ótimo desempenho nas provas da Austrália, graças ao design rebaixado.

Douglas Ew 350 cc 1926 – Foto: Divulgação

Era 1928 quando Cyril Pullin deixou a empresa e a vaga foi ocupada por  Freddie Dixon. Ele chegou e  já produziu um modelo de corrida, e depois, um para pista de terra.

Três anos se passaram, estamos em 1931. A empresa se tornou pública e foi vendida pela família. A nova organização tinha a ideia de refinar o produto e padronizá-lo. O foco era mudar totalmente a distribuição, e ser feita somente por revendedores autorizados nas principais cidades do mundo com planos de pós-vendas e garantias. Para isso, uma nova fábrica foi montada em 23 acres com controle de qualidade rigoroso, eliminando erros de usinagem ou montagem.

Foto: Divulgação

Uma nova era se inicia  em 1932 com novos modelos e nomes curiosos associados a cães: Bulldog 500, Greyhound 600 (Galgo Inglês) e Mastif 750, porém começam a surgir dificuldades financeiras.

Uma surpresa aconteceu em 1934 quando estava sendo produzido um modelo chamado Endeavour, de 494 cc. O antigo dono, William Douglas, já bem idoso, resolve comprar o negócio novamente e reduzir a linha de produção.

Douglas 1935 Endeavour – Foto: Divulgação

Já no ano seguinte, também com problemas financeiros, a Douglas  foi adquirida pela Aero Engines Ltd.

No período da Segunda Guerra Mundial, (1939 a 1945) o foco da Douglas passou para outros produtos e, só no período de 1947 a 1950, voltou com novos modelos mas, a guerra deixou sequelas e novas dificuldades financeiras surgiram. Mesmo assim, um novo motor de 350 cc foi lançado.

Douglas 1948 348 cc

No ano seguinte (1951) um protótipo de 500cc foi mostrado, mas nunca chegou a ser produzido. Um acordo feito com licença, permitiu que a Douglas produzisse a scooter italiana Vespa.

Douglas vespa 125 cc 1952

O último modelo foi produzido em 1955, um avançado e inovador 350 cc chamado de Dragonfly que, devido a “baixa” velocidade final (75 mph) e o baixo desempenho nas rotações menores não agradaram muito.

Douglas Dragonfly , hoje vendida por £7,500

A Douglas é novamente vendida para Westinghouse Brake and Signal Co. em 1956 e, no ano seguinte, mesmo com a Vespa ainda sendo importada, o fim chegou. 

Vespa Douglas 1957

Alguns anos depois (1961), ainda operando com  nome Douglas, a empresa importou ciclomotores Gilera e motocicletas leves.


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Trinity Ronzella

14 anos fotografando e escrevendo para a Revista Moto Adventure Editor do Moto.com.br Freelancer na Revista Motociclismo Instrutor de Pilotagem Off Road

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