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Isso começou em 1970 com um trabalho conjunto de Canadá e USA.

Para entender a cronologia de tudo

Em 1907 nascia no Canadá Joseph-Armand Bombardier (o sobrenome já é famoso) que, aos 19 anos abriu sua oficina para carros. Com o inverno pesado na região, a maioria dos carros passavam o inverno na garagem, pois só estradas principais recebiam manutenção e eram mantidas limpas de neve.

Em um inverno pesado, seu filho adoeceu e, devido a impossibilidade de transportá-lo ao hospital por causa do acúmulo de neve, acabou morrendo. Foi aí que tudo começou…

Joseph Armand Bombardier - Foto: Divulgação

Joseph Armand Bombardier – Foto: Divulgação

Em 1936 surge  o primeiro projeto de carro para  neve que levava 7 passageiros, tinha esteiras na traseira e “patins de gelo” na dianteira. Devido ao sucesso, veio um modelo maior, para 12 passageiros e, em 1940, a empresa já produzia 200 veículos por ano.

Bombardier B7 com motor V8 - Foto: Divulgação

Bombardier B7 com motor V8 – Foto: Divulgação

Na Segunda Guerra Mundial o foco se voltou para atender a demanda do país e, em 1948, devido a mudança política de manutenção das estradas, os veículos conseguiam circular com mais facilidade, diminuindo a procura pelos veículos maiores da Bombardier. Isso acabou forçando uma mudança de rota na empresa, que começou a focar no lado recreacional, onde  surgem os veículos de esteira única na traseira, com capacidade para uma ou duas pessoas. O Ski-Doo!

Ele vendeu pouco, apenas 200 unidades em 1959 mas, com a morte de Bombardier em 1964, coincidentemente virou moda, e mais de 8.000 unidades foram vendidas no ano, o que chamou a atenção da concorrência, principalmente a Polaris.

Detalhe: Antes disso, em 1962, o fabricante de motores austríaco Rotax-Werk Ag começa a fornecer motores para os Ski-Doos, mas em seguida foi absorvido pela Bombardier. Nesse momento já haviam mais empresas entrando nesse mercado, o que os levaram a uma diversificação.

Ski Doo 1960 - Foto: Divulgação

Ski Doo 1960 – Foto: Divulgação

Motos são uma opção

No ano de 1970, a Bombardier contrata Gary Robinson como diretor de pesquisa e desenvolvimento para sua nova divisão de motocicletas, a Can-Am. Gary se une a Jeff Smith, bi-campeão mundial de motocross que, juntos com uma equipe de técnicos americanos e canadenses, começam a desenvolver motos de enduro e motocross, usando uma nova linha da Rotax 2 tempos.

Can Am MX1 125cc - Foto: Divulgação

Can Am MX1 125cc – Foto: Divulgação

A Rotax acaba produzindo duas versões de motores, o MX-1 de 125 cc e o TNT com 175 cc, sendo pioneira em muitas tecnologias de motores 2 tempos como cilindros revestidos com Nikasil (é o nome comercial registrado pelo fabricante alemão de pistões MAHLE para o tratamento de superfície de cilindros para motores. Esta tecnologia foi desenvolvida numa parceria entre a MAHLE e a Porsche em 1970), os carburadores eram montados atrás do motores e não lateralmente, dentre outras coisas que a deixavam diferente das demais. A potência era outro fator que se destacou: o motor 125 cc tinha 20 cv a 9.500 rpm e o 175 cc, 25 cavalos, com câmbio de 6 velocidades.

Can-Am TNT 175cc - Foto: Divulgação

Can-Am TNT 175cc – Foto: Divulgação

Em 1973 as vitórias começaram a surgir e, no ano seguinte, surge uma versão 250 cc com 5 marchas e 33 cavalos de potência, que venceu o AMA Motocross na categoria, dominando os três primeiros lugares. Em 1976, no AMA de Enduro, a conquista foi um segundo lugar. Novas modificações vieram nas suspensões com maior curso na suspensão dianteira Marzocchi  e 36  cv, se tornando  indomável, recebendo o apelido de “Viúva Negra”.

Can-Am TNT 250 1975 - Foto: Divulgação

Can-Am TNT 250 1975 – Foto: Divulgação

Finalmente as 500

A revista Cycle World, em 1980, escolhe a MX-6 como moto do ano  de 250 cc, por julgar ter o melhor motor mas, as japonesas estão dominando o mercado, e a Can-Am não podendo pagar os altos salários dos melhores pilotos, resolvem “tirar o pé”  ficando o MX-6 como o último 250 cc dois tempos da marca produzido em quantidade.

Can Am MX 6 250 cc - Foto: Divulgação

Can Am MX 6 250 cc – Foto: Divulgação

Com a preocupação de poluição e as provas de enduro ganhando popularidade, a fábrica resolveu produzir um novo motor de 494 cc Rotax Type 504, 4 válvulas e colocar num quadro do MX-3. Surgem dois modelos: Sabre e Sonic.

Completa o conjunto uma suspensão dianteira Marzocchi, um braço oscilante com dois amortecedores Ohlins, quase 30 cm  de distância do solo, um farolzinho simples, não tem painel, apenas odômetro e relação de marchas curta, e ainda mais , o pedal de partida do lado esquerdo, ou seja, feita para enduro mesmo!

Nesse mesmo período, as motocicletas não davam um resultado satisfatório e, para atender sua rede de lojistas e consumidores, principalmente com a chegada do verão, mudaram o foco para o recreacional,  as motos aquáticas (Jet Ski Sea-Doo) e quadriciclos. Jeff Smith foi demitido  dois anos depois e os direitos das motocicletas Can-Am vendidos para a empresa Britânica Armstrong, que deu continuidade  com a MT500, produzidas para as forças armadas. Pouco tempo depois chegou às mãos da Harley-Davidson que continuou produzindo uma nova versão, como mostrei na matéria abaixo:

https://www.moto.com.br/acontece/conteudo/harley-davidson-off-road-350cc-164493.html

 

E foi isso!

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Trinity Ronzella

14 anos fotografando e escrevendo para a Revista Moto Adventure Editor do Moto.com.br Freelancer na Revista Motociclismo Instrutor de Pilotagem Off Road

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