6

RECANTO ECOLÓGICO RIO DA PRATA – JARDIM – MS

Para entender:

Esse é um texto diferente, que contém uma vivência incrível, que tive a sorte de poder proporcionar ao meu pai e meu filho, distantes pela idade, aproximadamente uns 60 anos, e entre eles, eu. É um relato que pode ajudar muita gente que pretende conhecer o Rio da Prata e outros passeios de Bonito. Vamos lá!

O PASSEIO

Dentro da fazenda Cabeceira do Prata, e mais conhecido como Rio da Prata, esse atrativo natural mundialmente conhecido como sendo um passeio da cidade de Bonito, na verdade, está localizado na cidade vizinha: Jardim, ambas em Mato Grosso DO SUL (a maioria das pessoas, telejornais esquecem também do detalhe: “do Sul”)

É um passeio de flutuação, que consiste em depois de uma trilha, descer pelo rio flutuando e observando a vida sub-aquática.

MINHA HISTÓRIA NO PRATA

Um pouco, muito pouco, sobre o porque de eu escrever sobre esse atrativo.

Em 1996, fui com um amigo conhecer a região, ainda pouco conhecida e pouco estruturada, mas, com a mesma beleza natural de hoje. Na época, entrei para a estatística dos 100% que se apaixonaram pelo lugar e também em outra estatística: dos que não resistiram, e se mudaram pra lá.

Em um resumo rápido, foram praticamente 8 anos em que trabalhei em várias funções: motorista, remador, guia “pirata”, instrutor de mergulho, guia de mergulho em cavernas e guia de turismo credenciado pela Embratur. Nesses anos de atividades, pude conhecer a região de uma maneira especial, dos bastidores, sem “limites”.

Sendo guia “credenciado”, poderia atuar em qualquer atrativo da região mas, minha ligação com o Rio da Prata foi muito forte desde o começo, e praticamente atuava 99% do meu tempo lá. Muitos turistas, muitos fatos e experiência vivi nesse lugar especial, por isso, por estar fazendo uma viagem especial, em três gerações (eu com 43 anos, meu pai com quase 70 e meu filho com 5), tinha que passar por lá! Sonhei com esse momento desde o início da viagem, como seria para mim, meu pai e meu filho. Óticas diferentes, sentimentos, medos, enfim….foi incrível!

Meu pai já havia estado no Prata 8 anos atrás, estava curioso para ver sua reação…

Vou relatar algumas coisas interessantes que percebi vendo meu filho Lucca, de 5 anos, durante o passeio e algumas dicas que funcionaram conosco e podem ajudar.

Mas vamos falar do Rio da Prata.

Flutuação no Rio da Prata

Esse é um passeio de flutuação que, em grupos de até 9 pessoas, equipados com roupa e botas de neoprene, máscara, snorkel e colete para quem preferir, se inicia em um trajeto curto na carroceria de uma caminhonete equipada com bancos e toldo, até o início da trilha. Essa trilha, de aproximados 2.200 mts em terreno praticamente plano e na sombra, é interpretativa, ou seja, o guia está junto e no percurso tem placas indicando nomes de árvores e animais que vivem na região. Algumas curiosidades são passadas pelo guia de acordo com o nível de curiosidade do grupo e, as vezes, pode-se encontrar com eles soltos: Macaco-prego, Mutum-de-penacho, Cotia, Anta, Tatu, Onça Parda…entre outros.

na trilha, meu filho queria estar o tempo todo perto do guia, lá na frente. Como estávamos atrás de todos, incentivei-o a ir perto do Cido, guia e amigo das antigas. Pronto! Ele se realizou, prestava atenção, fazia perguntas, enfim, adorou! Engraçado essa geração de “água filtrada”….em um determinado ponto da trilha, existe uma nascente. O Cido explicou e disse que poderíamos tomar “um pouco” para experimentar. (Um pouco, por ser água rica em magnésio e, quem não está acostumado, pode ter uma diarréia). Na hora, o Lucca me olhou com cara de espanto, me esperou e, quando cheguei, expliquei rapidamente que essa era a água que vinha do centro da terra, que ali ela nascia, por isso, não só podia como deveria tomar um pouquinho, para experimentar apenas, vai que…..! A carinha dele foi incrível!

“E aí Lucca, gostou?

Gostei papai, é água…” – e foi ultrapassando todo mundo para ficar atrás do Cido.

Depois de aproximados 40 minutos, chega-se a nascente do Rio Olho D’água. Esse rio, apesar de pequeno (2km), está totalmente dentro da fazenda Cabeceira do Prata,  ele é o responsável por essa fama toda. Impossível não se render a tamanha beleza!

É na nascente que começa a flutuação! Os coletes estão lá e o guia vai perguntar quem precisa de colete. Se estiver com dúvida ou inseguro, pegue! Irá te ajudar na flutuação e você poderá aproveitar mais o passeio.

O guia dará uma breve explicação do que será feito na nascente e todos vão para água, cercados de Piraputangas, Dourados, Curimbatás, Piau três Pintas e muitos outros!

Terão um tempo para praticar com a máscara e snorkel antes de iniciar a tão esperada flutuação. Aqui faço uma pausa importante:

– Se você está se programando para ir a Bonito, e mais ainda, levar seus filhos, façam o correto: No caso de não estarem familiarizados com máscara e snorkel, comprem um e pratiquem antes na piscina, no chuveiro (sim, no chuveiro! tem muita gente que não se sente bem ao ter que respirar pela boca), enfim, pratiquem antes!! Essa é a parte mais importante e o guia não pode dar um curso de como usar na hora, ele vai explicar sim, mas tem um limite de tempo naturalmente.

Com o Lucca, não foi diferente. Uma semana antes praticávamos na piscina e, a grande dificuldade dele foi acostumar com o nariz dentro da máscara, pois ele até então, só havia usado óculos de natação. Mas não precisei ensinar 3 vezes! Com bom humor ele me disse que não precisava do “caninho”, pois levantava a cabeça para respirar. Expliquei que isso provalvelmente iria fazer com que ele batesse as pernas nas pedras e no fundo e ele falou: “tá bom”, colocou e saiu respirando! Quando chegamos na nascente, difícil foi segurá-lo!!! Isso serve para adultos e crianças, para usar em todos passeios de flutuação da região, fará você aproveitar melhor o passeio!!

A flutuação é tranquila, ao ritmo da correnteza e, apenas usando as mãos para corrigir o trajeto e observando tudo. Os pés podem ir cruzados, pois não se pode batê-los. Peixes, plantas, várias nascentes pequenas, pedras, troncos, enfim, uma descoberta atrás da outra! São aproximadamente 30 minutos de decida até a corredeira, trecho que o rio afunila, fica mais correntoso e com predras. Fique calmo, o Guia estará lá para te segurar e saír para um pequeno trecho de caminhada e entrará novamente na água em menos de 10 minutos.

Antes da corredeira, uns 5 minutos, havia um Jacaré. O Cido avisou e fui mostrá-lo ao Lucca. Ficamos a cinco metros dele e o Lucca perguntou:

“Ele morde pai?

Se não formos incomodá-lo ele vai ficar lá, quietinho. Não nos fará nada….

Que legal!” – e seguimos…

Mais uma corredeira e a dica é: manter o corpo esticado e remar pela parte mais funda do rio (lado esquerdo). Passada a corredeira muitos vão querer voltar…. já foi, o rio segue e vocês também.

nesse trecho, fui junto ao Lucca, direcionando-o. Disse que seria bem divertido e, quando acabou ouvi um delicioso: “papai, quero de novo!” , já meu pai: “ Que delícia, não lembrava dessa parte!”

Próxima parada: “Vulcão”!

São as grandes nascentes que fazem a areia do fundo “ferver”. É o único ponto do Rio Olho D’água que pode-se mergulhar, divirta-se, se puder! Pois a roupa de neoprene, que te ajudou até agora a flutuar, vai dificultar seu mergulho. Mas com jeito e fôlego, dá pra ir!

Ele passou sobre as nascentes e foi para o deck e saiu. Ficou um pouco no sol para aquecer e poder continuar pelo último trecho. Mais 10 minutos estávamos entrando no Rio da Prata, um pouco mais lento, mais fundo, mais frio e a água menos transparente.

Antes de entrar nas águas mais frias do Prata falei que ele teria uma surpresa……Rindo ele me disse pelo snorkel um abafado: “tá gelada!!” e em seguida virou para ver a reação do avô que, ao tirar a cabeça para fora, viu o Lucca batendo queixo e rindo dele: “tá fria, tá fria!”

A partir daí existe a opção de ir de barco ou flutuando. Se estiver bem, siga pela água, afinal, você foi para flutuar!

Coloquei o Lucca no barco de apoio, pois já estava com frio novamente e a vista do barco é linda também!

FINAL

Ao chegar no final, suas roupas, separadas lá na sede ao pegar a roupa de neoprene, estarão esperando. Não há banheiros, aguentem mais um pouco! Troquem de roupa, subam na caminhonete e voltem para a sede da fazenda, afinal, tem um belo almoço esperando e quem sabe um cochilo na rede!! Hora de descansar ou ir conhecer a Lagoa Misteriosa!!! Ali pertinho!!

EXPERIÊNCIAS DIFERENTES

O Lucca ficou maravilhado com tudo que viu. Toda vez que vê as fotos ele fala que quer voltar. Ele viu que tem regras para serem respeitadas como não poder ficar em pé durante a flutuação, não bater os pés, não levar conchinhas, enfim, cada lugar tem suas regras. Todas as regras que foram passadas a ele, vinham acompanhadas de um “porque?”. Depois de explicado, ele seguia, mas precisava entender antes. Fantástico!

Meu pai, por várias vezes se emocionou e dizia que não achava que iria voltar a ver essas belezas novamente, pois já tinha idade, era longe, enfim….percebeu que só dependia dele e que não precisa ficar esperando a oportunidade aparecer para fazer algo legal, basta fazer. Ele foi para ajudar a cuidar do Lucca, pois eu estava indo a trabalho, adorou! Falou que, se eu poderia voltar na semana seguinte que ele iria de novo.

Eu, além de ser suspeito em se tratar do Recanto Ecológico Rio do Prata, acho que em qualquer faixa etária a visita é fantástica. A experiênca de vivenciar isso com meu pai e filho e ter como lembrança essa foto de nós três nesse ambiente é incrível!

A convite do Rio da Prata,  devido a tantos anos juntos, meu filho pôde plantar uma árvore e sabe que aquela árvore é “dele”, nadou ao lado de vários Dourados que normalmente só se vê em pratos, viu um Jacaré em seu habitat natural, que respeita e não ataca como todos falam, aprendeu que a água vem do centro da terra, entendeu porque desviamos das plantas ao invés de pisá-las, enfim, é uma experiência que na minha infância era diferente, é um outro conceito da “vida”. Com certeza muita coisa ficou na “cabecinha” dele, e muita “fichinha irá cair”, cabe a nós, Pais, proporcionarmos essas vivências a esses “pequenos”.

Seja no Rio da Prata ou em qualquer lugar do planeta, cabe a nós “plantarmos a sementinha”  boa.

Dicas:

• Durante a trilha, tire a parte de cima da roupa e amarre na cintura para não passar calor.
• Em crianças, uma “blusinha de surfista” em baixo do neoprene ajuda a manter o corpo aquecido.
• O Rio da Prata, como os outros passeios de Bonito, só atendem com agendamento feito pelas agências de turismo e, em temporada, reserve com muita antecedência, pois tem número limitado de visitantes/dia.
• Não deixe de levar um câmera para registrar esses momentos.
• Se voê não sabe nadar, treine com a roupa e o colete antes, para pegar confiança.
• Não coloque os pés no chão durante a flutuação, vai levantar sedimento e prejudicar a sua visibilidade, pois ela vai descer o rio também.

 

↑ Back to top

6 Comments

  1. Carina
     – 

    Fantástico texto Trinity, me emocionei de verdade, parabéns!

  2. JACI
     – 

    eu e minha esposa queremos conhecer BONITO (RIO PRATA ) mas gostariamos FAZER NOSSO PROPIO ROTEIRO E MARCAR AS NOSSOS PASSEIOS E ESTADIA VCS PODEM NOS AJUDAR
    JACI E SIMONE CURITIBA PARANA

    • Trinity
       – 

      Oi Jaci e Simone tudo bem? Que legal vcs irem para Bonito, vão curtir muito! Sobre Bonito é o seguinte: Lá é exemplo de turismo organizado, vocês vão ver e gostar.
      Sobre fazer seus roteiros, tudo bem, mas vcs não conseguirão sair da agência. Mas não se preocupe, no caso de Bonito, a Agência é fundamental pelos passeios terem limites de visitação. Assim vcs não correm o risco de chegar e não encontrar vagas ou não encontrar guias, que por sinal são obrigatórios em todos os passeios. E melhor, os preços não mudam porque eles são cobrados pelo passeio , repassando uma comissão a agência. Quanto a passeios e estadias, quando vcs pretendem ir?

  3. rosali
     – 

    Pode me dizer por gentileza que tipo e marca de maquina fotográfica posso levar ? Vou pela primeira vez no dia 06/05

    • Trinity
       – 

      Desculpe a demora! No local eles alugam câmera subaquática para fazer a descida do rio. Para os passeios que não entra na água, uma câmera compacta é o suficiente. Bom passeio!

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*