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TREKKING NO PANTANAL SUL MATOGROSSENSE

Sempre tive interesse pelo Pantanal e, depois de morar por 8 anos em Bonito-MS, pude conhecer um pouco dessa região.
Um dos lugares que me encantou foi a Faz. Baía das Pedras.  Tem época que está inundada, seca, molhada, com barro, enfim, tem para todo tipo de gosto.  Passei alguns dias por lá e, a poucos metros da casa, passava um rio, que, depois de me informar, fiquei sabendo que era uma “vazante”, a vazante do Castelo.  A água que vinha da região norte do Pantanal desce por ali e vai se juntar  ao Rio Negro.
Conversando com os proprietários me explicaram que, na época da seca, essa água some e se transforma em um imenso gramado de 60km que termina no Rio Negro, no meio do Pantanal.
Automaticamente minha cabeça começou a funcionar e me veio a idéia de fazer esse caminho a pé e de caiaque.
Esse sonho ficou algum tempo nos meu planos até que , em conversa com os proprietários, eles aceitaram a idéia e lá fui eu fazer a parte seca, a pé.
Convidei o Fábio, um amigo de infância que nem deixou eu terminar de falar e já topou! Fomos para Campo Grande de ônibus, 14 hs tranquilos
Fomos muito bem recebidos pelos proprietários Rita e Dóio que nos deram total apoio.
 A seguir faço um relato resumido do que foi essa viagem.
Primeiro diaA partir de Campo Grande, em um Land Rover Defender 110 seguimos para o Pantanal. São aproximadamente 5 hs(300km pantanal a dentro) de viagem com parada para almoço. Tempo esse que serviu para muita proza e causos. Depois de muita poeira, pontes, aves e conversa, chegamos a sede da Pousada e permanecemos na fazenda o resto do dia para descanso e passeio curto (veículo sem tração 4×4 não chega)
Segundo  DiaDia na Fazenda para passeios (cavalgada, fotos,  banho na lagoa, canoa, roda de téréré, focagem noturna) e preparativo de mochilas para trekking.
Terceiro  dia (Trekking)
Após café da manhã iniciamos o trekking , o objetivo era rodar metade do caminho e dormir em um abrigo conhecido como redário. Lá tem uma bela infra estrutura montada para quem faz cavalgada: Banho quente, fogão a lenha, banheiros,  mesa e redes para dormir. Andamos o dia inteiro enquanto, por uma estradinha invisível para nós, seguia um carro de apoio que nos encontraria em pontos determinados. Para segurança tínhamos um rádio que conseguíamos falar com o carro e a fazenda. Essa prevenção toda era porque ninguém tinha feito isso ainda e não sabíamos o que poderíamos encontrar. Os relatos de ataques de Onça Pintada as criações eram comuns e também não sabíamos se conseguiríamos fazer todo o percurso. Sem contar outros riscos como cobras, torções, Porco Monteiro, …. Andamos o dia inteiro observando aves e animais, um visual incrível!
A nossa estrada chegava a ter mais de 200mts de largura, e isso tudo fica coberto de água!
A dica era para seguir o leito do rio, mas, em determinado ponto, era tão grande que nos perdemos e tivemos que voltar. Em uma bifurcação do rio, pegamos o lado errado. Ele formava uma baía e acabava. Voltamos e seguimos pelo caminho certo. Perdemos mais de 1h nesse caso.
Mais um tempo caminhando e encontramos no meio do gramado um caranguejo morto. Confesso que num primeiro instante fiquei com cara de ponto de interrogação, mas depois “caiu a ficha”! Estávamos no leito de um rio que secou.
Em determinado ponto da caminhada, passamos por uma fazenda.  Nesse ponto não tinha jeito, iríamos molhar os pés. Sem problemas! Aproximadamente 40cm de água para cruzar e, ao chegarmos perto tomamos um susto! Vimos dois olhos se afastando pela água que iríamos atravessar. Eram poucos metros, uns 30 talvez, mas, pareciam 300!! E o pior, o Jacaré estava saindo e ….afundou! Muito bom! Não tinha jeito, o negócio era atravessar logo! E o fizemos! Parecia que estávamos caminhando em brasas!! Pedi para o Fábio ficar parado para uma foto com a água na canela…..hehehehe….pura sacanagem!!
 Depois da travessia, nos sentamos e aproveitamos para um lanche, torcer as meias, escorrer a água das botas e dar umas boas risadas, pois ainda tínhamos mais caminhada pela frente!
Depois de um bom tempo de caminhada vimos no horizonte um pontinho e pensamos: chegamos! ! Para nossa surpresa, era uma casa de trabalhadores que ficam meses ali. Estavam colocando carne para secar ao sol, pois não tinha energia elétrica. Eles matam o que vão comer, salgam e deixam  ao sol. Era contrastante, a gente com energéticos, GPS, rádio,  e eles nem luz tinham!



 A princípio ficamos meio desanimados, pois já havíamos andado uns 30km e estávamos cansados, mas, o redário estava próximo! Enquanto conversávamos com os trabalhadores, chegou nosso carro de apoio e nos deu uma carona de 2km até o redário, pois já estava escurecendo.
Por ser plano e tudo muito grande, nos fogem as referências. Não dá para “procurar” alguma referência como uma casa, antena ou curral em tanto espaço, andávamos em determinada direção porque nos foi falado que encontraríamos o que procurávamos. Simples assim…
O Redário pareceia um Oasis!! Todo cheio de tela e conforto! Tem uma história que enquanto construíam esse local, numa das manhãs os trabalhadores acordaram e ficaram espantados com as pegadas de uma provável onça pintada que atravessou toda a obra enquanto eles dormiam! Ficamos sabendo dessa história enquanto jantávamos no abrigo….cercado com uma cerca de meio metro e tela mosquiteiro….hehehe…
Jantamos um tradicional arroz carreteiro e caímos na rede! Um merecido descanso!
Quarto dia (Trekking)No dia seguinte, depois de um belo café da manhã, seguimos o nosso caminho! Pequenas lagoas abrigavam magros jacarés que esperavam por qualquer tipo de comida! Numa dessas lagoas, ao me aproximar de sua margem, um jacaré foi saindo em minha direção e eu, fugindo dele. Eles estão famintos e sem nada para comer!
Esse percurso nos permitiu observar várias espécies de animais em seu habitat natural como:  Jacarés, Capivaras, Quatis, Porco Monteiro, Queixada, Anta, Cervo do Pantanal, Veado Campeiro…e várias aves: Tuiuiús, Garças, Colhereiros, Araras, Cabeça-secas,….inesquecível!! Era o tempo todo vendo esses bichos!
Ao final, o leito do rio foi ficando estreito, estreito, estreito e apareceu água!  Agora estávamos margeando um rio, com a mesma fé que chegaríamos no Rio Negro. Nesse percurso encontramos Ariranhas. Elas estavam surpresa conosco e nós com elas. Nos acompanharam por um tempo e sumiram! Logo depois sumiu a margem do rio! Era uma mata fechada! Demorou um pouco até acharmos um trilha para seguir e , quando achamos, alguns minutos depois chegamos no nosso objetivo, o Rio Negro! Nosso carro de apoio já estava por lá! Passamos uma água no rosto e seguimos para conhecer a fazenda Rio Negro e  de volta para a Fazenda Baía das Pedras. A volta foi por estradas  de terra e areia, com muita porteira para passar e mais bichos! Passamos por fazendas que estavam a poucos metros de onde caminhávamos e nem percebemos!
Ao chegarmos de volta a Baía das Pedras, tivemos um belo jantar e um merecido descanso, pois no dia seguinte já retornaríamos para Campo Grande!
Para quem gosta de trekking, esse passeio é fantástico por vários motivos: exclusivo, seguro, se quiser tem conforto, terreno plano e cênico
O ideal é um grupo pequeno de no máximo 8 pessoas devido a logística toda.
Só de pensar que está caminhando pelo meio do Pantanal Sul Matogrossense, totalmente isolado do mundo já é uma sensação incrível!
Existe a opção de ir para a fazenda de avião e escapar das 5 horas(300km) de viagem partindo de Campo Grande.

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